quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

O absolutismo pode ser invocado a nível supranacional

 

“De todas as mentiras democráticas, nenhuma mais irrisória do que a da soberania do povo. Da soberania advém a faculdade de declarar o interesse nacional e o poder de o defender; mas o povo nunca atinge o grau de consciência e a unidade de pensar que o exercício da soberania exige”.

O Reaccionário


É exactamente este o argumento invocado pelos euro-federalistas — da laia do Paulo Rangel, por exemplo — para justificar a alienação da soberania portuguesa em favor da soberania (não-representativa) do leviatão da União Europeia sobre Portugal.

Ou seja: todo o argumento político absolutista (a nível nacional) pode se invocado para aniquilar a soberania nacional em favor de um poder supra-nacional (também este) absolutista.

Até ao reinado de D. Pedro II, sempre existiram Cortes em Portugal; ou seja, o absolutismo político (propriamente dito) não existia em Portugal até ao início do século XVIII. Foi no fim do reinado de D. Pedro II que as Cortes se foram tornando raras, sendo abolidas no reinado do seu filho D. João V.

7 comentários:

  1. A referência que usa está errada, queira fazer o favor de corrigir, porque assim passa facilmente por ataque pessoal. Eis o que deve colocar: " «Cartilha Monárquica», 1916; em VERITATIS blog".

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  2. O Orlando Braga não refutou o argumento, apenas disse que ele é mal colocado quando usado pela União Europeia. E eu concordo com isso.

    O Absolutismo não existe realmente. A palavra foi inventada pelos liberais-iluministas para denegrir todos os que se opunham à ideia nova da Monarquia Liberal ou Constitucional. É um pouco à semelhança do que faz hoje a Esquerda, quando chama de fascista qualquer pessoa que se lhe oponha.

    As Cortes nunca foram abolidas, nem nunca foram deliberativas. As Cortes sempre tiveram um papel apenas consultivo, e eram convocadas pelo Rei, sempre que este achasse necessário. A última decisão estava no Rei, e não nas Cortes.

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    1. 1/ O conceito político de “absolutismo” apareceu com a Razão de Estado (Botero, 1589; Bodin e soberania absoluta, 1576; Montaigne também). É difícil explicar aqui, neste espaço, o nexo causal ideológico e histórico que levou à ideia de “Razão de Estado”.

      Em Portugal, devido à ocupação espanhola, o conceito de “Razão de Estado” só se aplicou depois de 1640, mais precisamente no final do reinado de D. Pedro II.

      2/ O conceito político de “Razão de Estado” não tem nada ver com o Iluminismo, porque lhe é anterior.

      3/ se as Cortes não aconteceram a partir do fim do reinado de D. Pedro II, então segue-se logicamente que, em termos práticos, as Cortes foram abolidas. Brincar com as palavras toma-me o meu tempo, e aborrece-me perder tempo.

      4/ O facto de “a última decisão pertencer ao rei” não justifica a ausência das Cortes; e o facto de “a última decisão pertencer ao rei” não significa que o rei teria (até ao século XVIII) o poder absoluto (em função da aplicação do conceito jurídico e político de Razão de Estado), como passou a ter a partir de D. João V e D. José, e mesmo com D. João VI.

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    2. Orlando Braga,

      1 - A palavra ABSOLUTISMO aparece no final do séc. XVIII nos USA, nos ciclos ligados a Benjamin Franklin; e seguem o mesmo trajecto que Franklin (Inglaterra, França) no ambiente das sociedades secretas;
      2 - Este surgimento não aparece associado com "Razão de Estado", nem com Botero, nem Bodin, nem Montaigne - A associação que o Orlando está a escarrapachar é um artefacto racional do pós Carlismo;
      3 - "absolutismo", resumidamente, é na época um palavrão que tem por fim escarnecer das qualidades próprias da Monarquia resistente às ideias socio-políticas da "seita dos filósofos", a resistência à aceitação de uma "monarquia liberal"; acabando por ser usada de forma mais generalizada para TODAS AS COISAS que iluministas e liberais vissem também no monarca a eles resistente... (resumido);
      4 - Perante o Rei, EM PORTUGAL as Côrtes são de carácter consultivo - não há qualquer obrigação do rei em reuni-las, ficando isso à circunstância, necessidade, e consciência.
      5 - Confunde ABSOLUTO como "absolutista" [que como vimos, nada significa de concreto, e não significou nunca os que os Carlistas e outros "entalados" na situação foram formulando depois para se servirem a si]. Na nossa Monarquia o rei é absoluto, o Papa é absoluto também.

      O maior mal na TRADIÇÃO LUSA foi a infiltração de gente que se foi fazer a Espanha, onde o Carlismo para subsistência teve de inventar uma nova Monarquia com base nos retalhos do passado; a isso chamam "monarquia tradicional".

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    3. Você resume a História inteira aos últimos 200 anos, o que é um absurdo modernista.

      Você é um modernista que critica os modernistas.

      E eu não tenho tempo nem pachorra para estar aqui a argumentar com um modernista.

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